As causas de uma colisão que provocou a morte de um trabalhador da construção civil, na tarde desta segunda-feira (16), em Santana do Ipanema, têm resultado em uma troca de acusações entre familiares da vítima e servidores da prefeitura de São José da Tapera. 256q60
O acidente envolveu uma ambulância da prefeitura do referido município, que, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, em um post publicado nas redes sociais da prefeitura, levava um paciente para o Hospital Regional Clodolfo Rodrigues de Melo (HRCRM), em Santana do Ipanema.
A poucos metros da unidade médica, na movimentada Rua Benedito Pacífico Domingos Silva, o motorista do veículo, ao tentar desviar de duas motos que estavam estacionadas na rua de o ao hospital, teria sido surpreendido pelo trabalhador Agnaldo Vieira de Menezes, conhecido como “Veinho”, que trabalhava em uma obra no HRCRM.
Agnaldo havia deixado o serviço e seguia para casa, conduzindo uma motocicleta CG Titan/Honda, quando colidiu com a lateral da ambulância. Com o impacto da batida, o corpo do trabalhador foi arremessado a cerca de 20 metros, de modo que ou por cima de um veículo que estava parado e parou na parede de uma casa. Agnaldo teve traumatismo craniano, costelas quebradas e um pulmão perfurado, enquanto a moto que ele conduzia ficou totalmente destruída.
Agnaldo Vieira, pai de seis filhos, entre eles uma criança especial, ainda foi socorrido com vida, mas morreu na quarta-feira (18), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca.
Em entrevista à Rádio Milênio (90,7), moradores do local onde aconteceu o acidente afirmam que o motorista da ambulância poderia ter evitado o acidente e o acusa de não ter parado após perceber o corpo do trabalhador estendido no chão sob muito sangue.
Durante o sepultamento da vítima, nesta quinta-feira (19), no Sitio Serrinha, em Olivença, a filha do trabalhador, identificada como Marciele, relatou detalhes do acidente, durante entrevista na Milênio FM.
“Eu estava trabalhando, quando me ligaram e disseram que meu pai havia sofrido um acidente. Sai do trabalho correndo e quando eu cheguei no local encontrei meu pai agonizando no chão, ao lado do pessoal da SMTT [Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito de Santana], cheio de gente e ninguém sorria meu pai. Fiquei desesperada e sai correndo gritando para ajudar meu pai. Foi o Samu que levou meu pai", contou a filha da vítima.
"Meu pai não bebia, meu pai não fumava e trabalhava lá [HRCRM] há muitos anos, e quando eu cheguei no hospital me contaram que quem bateu no meu pai tinha sido uma ambulância. Eu não sabia que tinha sido a ambulância de Tapera e pensei que era a do Samu, então peguei umas pedras e depredei a ambulância do Samu. Não sabia o que tava fazendo, tava nervosa porque eu vi a situação de meu pai", continuou relatando.
"A verdadeira ambulância estava estacionada na parte de baixo do estacionamento do hospital. Se eu soubesse qual era a ambulância verdadeira aí a situação era pior. Ninguém me falou que eu tava atacando a ambulância errada. O motorista de Tapera nem socorreu meu pai e nem ligou para ninguém socorrê-lo. Quem socorreu meu pai foi eu. Eu cheguei depois do acidente e sai correndo pedindo socorro. Meu pai vinha na mão certa. Meu pai não corre, meu pai não bebe, meu pai não fuma. Pelo que vi a situação de meu pai, se eu tivesse encontrado o motorista, eu não sei o que faria”, afirmou a filha, inconsolável, que finalizou dizendo que família quer que a Justiça puna quem foi o responsável pela tragédia.
Por outro lado, amigos do motorista da ambulância e funcionários da prefeitura de Tapera, nas redes sociais, externam seus pêsames à família do trabalhador, mas aproveitam para defender o motorista. Em todas as postagens é destacado que o veículo oficial transportava um paciente do hospital de Tapera para o de Santana e que o motorista não foi o causador do grave acidente.
Após a entrevista da filha da vítima, a direção do Hospital Ênio Ricardo, de Tapera, publicou um banner em sua página do Instagram, replicado no Instagram da Prefeitura, mantendo as afirmações postadas nas redes sociais de que o veículo fazia o transporte de um paciente, destacando ainda que a ambulância estava na “velocidade necessária para um atendimento de urgência e com o giroflex e sinais sonoros devidamente acionados”. A nota também informa que o “motorista não se evadiu e que prestou todas as informações acerca do acidente à SMTT”.
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